“Sem mudar sistema de proteção social, aumento do gasto não resultará em crescimento inclusivo” por Santiago Levy publicado por Conjuntura Econômica (10/2021).
Na última terça-feira (19/10), enquanto no Brasil o governo titubeava em anunciar a proposta de R$ 400 para o novo Auxílio Brasil, fazendo dólar subir e bolsa desabar devido às ameaças de rompimento do teto de gastos para bancar esse valor, Santiago Levy, ex-ministro de Finanças do México, criador do Bolsa Família desse país, fazia um alerta em webinar promovido pelo Banco Mundial: sem uma alteração profunda no sistema de proteção social vigente nos países latino-americanos, dificilmente essas economias escaparão da armadilha de baixo crescimento e alta pobreza em que estão presos há décadas, e que mantém a região como a mais desigual do mundo, com exceção da África Subsaariana. Levy, hoje pesquisador da Brookings Institution, atribui parte da incapacidade da América Latina em superar esses problemas a um desenho equivocado das políticas, que se multiplicaram nas últimas décadas carecendo de uma visão integrada, e que hoje incentivam a informalidade e atividades econômicas pouco produtivas. “Sem uma discussão séria para reorganizar o atual sistema, qualquer aumento de gastos com proteção social, investimento em educação e reforma de mercado continuará produzindo baixo resultado”, afirma.