O que é a ‘doença turca’ que ameaça a economia do Brasil por Larissa Quintino, Felipe Mendes publicado por Veja (7/2020).
“Governos imprevisíveis e pouco confiáveis levam à fuga de recursos para o exterior, um fenômeno que começa a ser observado por aqui
A oscilação do câmbio e a desvalorização permanente da moeda de um país, não raro, têm como pano de fundo a desconfiança de agentes financeiros com as lideranças políticas. Exceção feita aos períodos de crescimento mundial robusto, com a valorização das commodities, países emergentes, em geral fechados e com regimes antiliberais, não vislumbram outro caminho senão o da fragilização de sua própria moeda. Na Argentina, o cenário é devastador. Na segunda 20, o presidente Alberto Fernández declarou que o país não possui mais recursos para arcar com sua dívida. Um dólar vale por lá 72 pesos — há exatos dez anos, valia 4. No entanto, é na Turquia, país com economia dinâmica e boas relações comerciais com Europa e Oriente Médio, que o efeito nefasto de governo autoritários pode ser mais bem exemplificado. A deterioração da lira turca virou caso de estudo e gerou até um fenômeno conhecido como “doença turca”. A partir de 2013, quando eclodiu uma tentativa de golpe de Estado sucedida por uma reação de tom totalitário do governo do presidente Recep Tayyip Erdogan, a cotação do dólar passou de 2 para 6,50 liras, patamar que a moeda opera atualmente. O temor é que o Brasil esteja sofrendo do mesmo mal, e, por isso, os mais abastados já buscam formas de dolarizar seus ativos para se proteger da desvalorização perene do real…”
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