Home > Sem categoria > Nova realidade, velhas questões (Resende)

Nova realidade, velhas questões (Resende)

Nova realidade, velhas questões por André Lara Resende publicado por Valor Econômico (11/2012).

“Jackson Hole, no Wyoming, é um cenário natural impressionante. O Snake River corre por um vale entre uma das mais belas cadeias de montanhas do mundo. Uma vez por ano, no verão do Hemisfério Norte, no fim do mês de agosto, é lá que se reúnem os responsáveis pela política monetária mundial. A princípio, um encontro dos dirigentes do Federal Reserve System, promovido pelo Fed de Kansas City, nos últimos anos incorporou os responsáveis pela política monetária de outras partes do mundo. Participam também, como convidados, os acadêmicos mais respeitados nas áreas de macroeconomia e finanças.

Desde 2008, procura-se compreender o que levou à crise, como evitar o colapso do sistema financeiro mundial e, mais recentemente, como fazer com que a economia se recupere. Parece haver consenso sobre as causas da crise: o excesso de alavancagem, induzido pelo crédito fácil e a proliferação de contratos condicionais. Os chamados derivativos exponenciaram a alavancagem de formas tão elaboradas e complexas que se tornaram impermeáveis ao controle. Também há razoável concordância quanto ao que foi feito para evitar o colapso da economia. As taxas de juros básicas levadas ao seu limite inferior – próximas de zero – e a injeção de liquidez na emergência da crise contaram com apoio unânime. A partir daí, entretanto, as coisas se complicam. Até quando é desejável e possível manter as taxas de juros próximas de zero? Passada a emergência, deve-se insistir no excesso de liquidez, com o correspondente aumento do passivo monetário dos bancos centrais? O que fazer para que a economia se recupere? Quais os riscos de uma política monetária ultra expansiva por um longo tempo? A julgar pelas discussões de Jackson Hole deste ano, os responsáveis pela formulação das políticas estão quase tão perdidos quanto o público em geral. As velhas controvérsias do século passado parecem estar de volta…”

Postagens Relacionadas