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Fábula sobre a gestão do caixa de uma província falida (Cunha)

Fábula sobre a gestão do caixa de uma província falida por Luiz Roberto Cunha publicado no  Globo (3/2017).

“Num reino muito distante, que um dia foi chamado de Belíndia, onde durante longos anos a inflação era muito elevada, numa província costeira, ainda no século passado, um grupo de economistas, relativamente jovem, atuou durante alguns meses na área da ‘fazenda pública’.

O grande desafio daqueles tempos era, como ainda é até hoje, passados quase 30 anos, pagar as contas.  Como, em todo e qualquer governo, salários, aposentadorias e pensões tinham um peso elevado no orçamento da província, mas naquela época, as dívidas ainda eram administradas pelo ‘Tesouro da Província’ (um nome pomposo para o órgão que administrava os recursos de um governo já quase falido) e não pelo tesouro do reino. Diariamente o ‘Tesouro ou Erário da Província’  ‘rolava’ a dívida (até porque dívida de governo não é para ser paga, só rolada) com um pequeno ganho, em grande parte devido à elevada inflação e taxa de juros.  O economista responsável pelo ‘Tesouro’ diariamente ‘abria o caixa’ verificando o saldo. Após esta etapa dedicava-se, ao longo do dia, a explicar a todos os demais entes públicos responsáveis pelas diversas atividades da província que, uma vez ‘rolada’ a dívida, pagos os salários, aposentadorias e pensões (bons tempos aqueles…), que o saldo em ‘caixa’ teria que ser priorizado. Assim, com base nas informações e estudos efetuados, o economista passava o dia informando que, quem não fosse responsável pela: 1. merenda das crianças; 2. gasolina da polícia; 3. comida dos presos, devia dar-se por satisfeito por estar com o salário em dia e deveria ligar no dia seguinte para ver ser havia alguma sobra no ‘caixa’, decorrente da rolagem do dia anterior…”

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