Entre dados e robôs: ética e privacidade na era da hiperconectividade por Eduardo Magrani publicado por Konrad Adenauer Stiftung (2018).
“A interação contínua entre diversos aparelhos, sensores e pessoas alteram a forma como agimos comunicativamente e tomamos decisões nas esferas pública e privada. Cada vez mais, as informações que circulam não serão mais colocadas na Rede tão somente por pessoas, mas por Coisas e algoritmos dotados de inteligência artificial que trocam dados e informações entre si, formando um espaço de conexões de rede e informações cada vez mais automatizado.
Com isso, observamos a construção de novas relações que estamos estabelecendo com as máquinas e demais dispositivos interconectados, permitindo que algoritmos passem a tomar decisões e a pautar avaliações e ações que antes eram tomadas por humanos. Essa ainda é uma cultura relativamente recente e implica considerações éticas importantes, tendo em vista os impactos cada vez maiores da comunicação e decisão algorítmica/computacional na sociedade.
A Internet das Coisas (Internet of Things – IoT) é a expressão que busca designar todo o conjunto de novos serviços e dispositivos que reúnem ao menos três pontos elementares: conectividade, uso de sensores e capacidade computacional de processamento e armazenamento de dados. O que todas as definições de IoT têm em comum é que elas se concentram em como computadores, sensores e objetos (artefactos) interagem uns com os outros e processam as informações/dados em um contexto de hiperconectividade. O atual cenário de hiperconectividade é, portanto, baseado na estreita relação entre seres humanos, objetos físicos, sensores, algoritmos, big data, inteligência artificial (computacional), cloud computing, entre outros elementos.
O termo hiperconectividade foi cunhado, inicialmente, para descrever o estado de disponibilidade dos indivíduos para se comunicar a qualquer momento. Este termo possui alguns desdobramentos importantes6 . Podemos citar alguns deles: o conceito de always-on, estado em que as pessoas estão conectadas a todo o momento; a possibilidade de estar prontamente acessível (readily accessible); a riqueza de informações; a interatividade; e o armazenamento ininterrupto de dados (always recording). O termo hiperconectividade encontra-se hoje atrelado às comunicações entre indivíduos (person-to-person, P2P), indivíduos e máquina (human-to-machine, H2M) e entre máquinas (machine-to-machine, M2M) valendo-se, para tanto, de diferentes meios de comunicação. Há, neste contexto, um fluxo contínuo de informações e massiva produção de dados.
Por isso, o avanço da hiperconexão depende do aumento de dispositivos que enviam e recebem estas informações. Exemplos disto são os inúmeros wearables (tecnologias vestíveis) disponíveis no mercado e as várias opções de sensores utilizados no setor agrícola e nas indústrias cada vez mais automatizadas com componentes de IoT e de Inteligência Artificial (em inglês, Artificial Intelligence – AI), fenômeno que vem sendo denominado de “Indústria 4.0”.
Todos os dias, “coisas” se conectam à Internet com capacidade para compartilhar, processar, armazenar e analisar um volume enorme de dados. Quanto maior o número de dispositivos conectados, mais dados são produzidos. Esta prática é o que une o conceito de IoT ao conceito de Big Data. Big Data é um termo em evolução que descreve.
qualquer quantidade volumosa de dados estruturados, semiestruturados ou não estruturados que têm o potencial de ser explorados para obter informações.
A primeira propriedade envolvendo Big Data consiste no volume crescente de dados. Pesquisa recente da Cisco estima que, nos próximos anos, a medida em Gigabytes será superada e o cálculo da quantidade de dados será feito na ordem Zettabyte e até mesmo em Yottabyte. Outra propriedade envolve a alta velocidade com que os dados são produzidos, analisados e visualizados. Além disso, a variedade de formatos de dados representa um desafio adicional. Esta característica é potencializada pelos diferentes dispositivos responsáveis por coletar e produzir dados em diversos âmbitos…”
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