Do governo eletrônico à governança pública digital: muito por fazer (e ganhar) no Brasil por José Roberto R. Afonso, Bernardo Motta Monteiro publicado em Revista Conjuntura Econômica (6/2022).
É um tremendo desafio adotar uma governança digital em um país de dimensões continentais, com profunda heterogeneidade regional, com regime de governo democrático e, sobretudo, organizado na forma de uma Federação, caracterizada pela grande autonomia, de direito e de fato, dos governos subnacionais (estaduais e municipais). Uma visão nacional é imprescindível para a transformação digital. Essa é uma lição clara e inequívoca das experiências internacionais e das reflexões teóricas do assunto mais recentes. Não apenas melhorar a eficiência para quem recebe como a produtividade para o governo que a preste, a digitalização radical, consistente e coordenada de todos os governos brasileiros pode ser o mais importante instrumento para reformar sua administração e, sobretudo, para realizar um profundo ajuste das despesas e das contas públicas no país. Assim se pode combinar os ganhos financeiros, com a conversão de ações e serviços físicos para o meio digital, como também se ganham dados e meios precisos para tornar mais eficientes as políticas públicas.