Balança Comercial da Indústria e os efeitos iniciais da Covid-19 publicado por IEDI (6/2020).
“No primeiro trimestre de 2020, a balança comercial brasileira manteve o superávit, mas o saldo de US$ 5,6 bilhões foi o menor patamar desde 2015. A deterioração decorreu do aumento expressivo no déficit da indústria de transformação, de +76% frente ao 1º trim/19, sob influência de setores de maior intensidade tecnológica, que já sentiam os efeitos da crise de covid-19 interrompendo suas cadeias de fornecedores.
As exportações totais da indústria de transformação recuaram -8,7%, de US$ 30,8 bilhões no 1º trim/19 para US$ 28,1 bilhões no 1º trim/20. Em contrapartida, suas importações aumentaram +7,3%, de US$ 37,9 bilhões para US$ 40,7 bilhões no mesmo período.
A Carta IEDI de hoje analisa o desempenho das contas externas da indústria de transformação por faixas de intensidade tecnológica no acumulado de jan-mar/20. A metodologia baseada em trabalhos da OCDE foi atualizada e, agora, os ramos industriais são classificados nos seguintes quatro grupos: alta tecnologia, média-alta, média e média-baixa tecnologia.
Com esta revisão, a indústria de transformação deixa de ter atividades classificadas como baixa tecnologia, que compreende atividades agropecuárias, alguns ramos de serviços, além de fração da indústria geral referente à construção e à produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos.
A seguir os principais destaques do estudo:
Todas as faixas registraram piora de seus saldos de balança. O déficit das indústrias de alta e de média-alta tecnologia aumentou +17,9% e +21,8%, respectivamente. O grupo de média intensidade tecnológica, superavitário no 1º trim/19, passou a apresentar déficit, enquanto o superávit da média-baixa declinou -2,2%.
O declínio das exportações industriais foi provocado por três dos quatro grupos. A pior evolução foi registrada pela alta tecnologia, com queda de -37,8% ante jan-mar/19, devido às vendas externas de aeronaves e de eletrônicos. Os demais grupos no vermelho foram a média-alta (-13,2%), em função de químicos exceto farmacêuticos e de veículos, e a média (-20%) intensidade tecnológica, sob influência da construção naval.
A única faixa com aumento das exportações foi a indústria de média-baixa tecnologia: +4,2% frente ao mesmo período do ano anterior. Quem impulsionou este crescimento foi o ramo de alimentos, bebidas e fumo, cujas vendas externas variaram +7,4%. A principal contribuição negativa veio de madeira, móveis, papel e celulose, com -22,2%.
Quanto às importações, todos os grupos da indústria apresentaram aumento. O mais expressivo veio da média intensidade tecnológica, com +13,8%, devido a avanços registrados por metalurgia, borracha e plástico e construção naval. Em segundo lugar, a alta da média-baixa intensidade foi de +9,1%, em função de produtos de metal.
As compras externas das faixas de alta e média-alta tecnologia cresceram em ritmo mais moderado que as demais faixas, mas não deixaram de indicar uma aceleração importante em comparação com o desempenho do início de 2019. No caso da alta, as importações subiram +3,1% em jan-mar/20, condicionadas pelo reforço das compras do ramo farmacêutico. Já no caso da média-alta, o resultado foi de +6,1% em função de máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos.
Balança Comercial da Indústria de Transformação
No primeiro trimestre de 2020, a balança comercial do Brasil registrou superávit de US$ 5,6 bilhões, seu menor patamar desde janeiro-março de 2015, quando experimentou déficit. Esta diminuição do saldo foi acompanhada pelo aumento no déficit dos produtos tipicamente oriundos da indústria de transformação, atingindo em US$ 12,5 bilhões.
As exportações destes produtos industriais declinaram 8,7% em jan-mar/2020 em relação ao mesmo trimestre de 2019, recuando para US$ 28,2 bilhões. Quanto às importações de bens da indústria de transformação, houve aumento de 7,3%, chegando a US$ 40,7 bilhões, após terem diminuído em 2019.
Quanto aos demais bens, nos quais em termos de comércio exterior se destacam os produtos agropecuários e minerais, seu superávit cresceu frente ao mesmo período de 2019, atingindo US$ 18,1 bilhões. As vendas externas desses produtos alcançaram US$ 21,4 bilhões, expansão de 5%. Já suas aquisições do exterior em dólares correntes caíram 22,4%…”
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