O Banco Central Ideal: meta de emprego e financiamento ao Tesouro por Andre de Melo Modenesi, Debora Pimentel publicado por IE/UFRJ (2020).
“O presente momento, é marcado por uma profunda crise ao redor do globo. A estagnação econômica, desde a crise de 2008, somada aos problemas sociais (pobreza, desigualdade de renda etc.) marca uma grave crise do capitalismo financeiro contemporâneo.
As políticas econômicas neoliberais (liberalização, desregulamentação, desestatização etc.) fracassaram patentemente e não foram capazes de ampliar o bem estar social da maioria da população. O foco no combate à inflação tolhe a política monetária, que se limita a uma meta de inflação. O “austericismo” fiscal engessa a política fiscal, que restringe a uma meta de resultado fiscal. A liberação financeira, restringe a regulação financeira. A política industrial e o planejamento econômico são demonizados pela crença na eficiência alocativa e distributiva do mercado desregulado.
O modelo ocidental de democracia liberal também passa por severa crise. Aquilo que era um valor muito caro ao ocidente se deteriorou gravemente, face ao surgimento de governos autoritários e pseudo fascistas.
A teoria econômica ortodoxa não dá conta de explicar e, tão pouco, de remediar a grave situação em que a economia global se encontra. É preciso uma ampla a profunda revisão da teoria econômica – especialmente a macroeconômica – para dar conta dessa nova realidade.
Enfim, estamos diante de um desafio enorme que clama por uma nova forma de pensar, teorizar e intervir no mundo. Neste contexto, realizamos uma espécie de exercício de elucubração fantasiosa, com o intuito de definir as linhas gerais de um banco central utópico. Por um lado, trata-se de um esforço de pensar para além das amarras da teoria convencional ou estabelecida – no sentindo mais amplo do termo – e da própria realidade socioeconômica e política…”