Investimento para o Brasil crescer por Roberto Figueiredo Guimarães (2020)
“Muito tem sido escrito e discutido nos últimos dias a respeito da necessidade de aumentar os investimentos em infraestrutura no Brasil no período imediatamente após o fim da crise do Covid-19, para colocar o país numa trajetória de crescimento econômico, com vistas ao aumento do emprego e da renda das famílias.
Quanto ao aumento dos investimentos, todos concordam. Mas esta unanimidade não existe quando o assunto é a origem dos recursos para bancar os investimentos.
A ala mais liberal dos economistas entende que estes investimentos devem ser puxados pelo setor privado, ficando o governo com a responsabilidade de aumentar as oportunidades de negócios com a maior oferta de concessões de serviços públicos, privatizações, etc. Alegam estes economistas que não há espaço fiscal no orçamento e o aumento da dívida pública não é o caminho para bancar estes gastos.
Por outro lado, há os economistas que, embora concordando que não haja espaço fiscal, entendem que, em determinadas situações, o setor público tem de ser o executor principal do investimento, pois, num ambiente de grandes incertezas e risco como este trazido pela crise do Covid-19, não haverá apetite suficiente e no tempo certo do capital privado. E isto é verdade, aqui e no mundo inteiro. Para estes economistas, os recursos devem ser obtidos através do aumento da dívida pública.
Antes de continuar a análise e já me adiantando, entendo que neste momento precisamos aumentar os investimentos em infraestrutura, mesmo que os recursos necessários sejam obtidos através do aumento da dívida pública. Que fique bem claro que de forma alguma estamos falando de gastos de custeio que se perpetuam no tempo. Aumentar dívida pública para financiar gastos de custeio, só e somente só em situações de guerra, como esta que estamos vivendo agora com a crise do Covid-19 e o Orçamento de Guerra está aí para isto…”