Os desequilíbrios da economia mundial e a crise da COVID-19 por Martin Kaufman e Daniel Leigh publicado por IMF Blog (8/2020).
“O mundo entrou na pandemia de COVID-19 com desequilíbrios externos persistentes e pré-existentes. A crise causou uma forte queda do comércio e flutuações significativas nas taxas de câmbio, porém uma redução limitada dos déficits e superávits mundiais em conta corrente. As perspectivas continuam altamente incertas, pois ainda pairam no horizonte riscos de novas ondas de contágio, inversão dos fluxos de capital e um novo declínio do comércio internacional.
A nova edição do nosso relatório sobre o setor externo ( External Sector Report ) mostra que os déficits e superávits mundiais em conta corrente em 2019 ficaram próximos de 3% do PIB mundial, ligeiramente abaixo do registrado um ano antes. Nossas mais recentes previsões para 2020 indicam uma redução adicional de apenas cerca de 0,3% do PIB mundial, um recuo mais modesto do que o ocorrido após a crise financeira global há 10 anos.
As prioridades imediatas em termos de políticas são proporcionar alívio crucial e promover a retomada da economia. Uma vez superada a pandemia, reduzir os desequilíbrios externos do mundo exigirá esforços coletivos de reformas, tanto por parte dos países com superávit excessivo quanto por parte dos países com déficit excessivo. Novas barreiras comerciais não ajudarão a reduzir os desequilíbrios.
Por que os desequilíbrios são importantes?
Os déficits e superávits externos não são necessariamente um motivo de preocupação . Há bons motivos para que os países mantenham um ou outro em determinados momentos. Contudo, as economias que tomam empréstimos demais do exterior e o fazem a um ritmo muito rápido, registrando déficits externos, podem se tornar vulneráveis a interrupções repentinas nos fluxos de capital. Os países também enfrentam riscos ao aplicar uma proporção excessiva de suas economias no exterior quando necessitam de investimento interno. O desafio é determinar quando os desequilíbrios são excessivos ou representam um risco. Nossa abordagem se concentra no saldo total em conta corrente de cada país e não em suas balanças comerciais bilaterais com diversos parceiros comerciais, pois estas refletem, acima de tudo, a divisão internacional do trabalho em vez de fatores macroeconômicos…”
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