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Afinal, o BNDES afeta o juro neutro e a potência da política monetária ? (Barboz & Furtado)

Afinal, o BNDES afeta o juro neutro e a potência da política monetária ? por Ricardo Barboza, Mauricio Furtado publicado por BNDES (8/2023).

É frequente no debate público o argumento de que o crédito do BNDES aumenta o juro neutro e reduz a potência da política monetária no Brasil. Mas será que o argumento procede? Em teoria, tais efeitos poderiam ocorrer, principalmente se o Banco operasse com uma taxa de juros inferior às taxas de mercado e insensível à política monetária – o que poderia ter ocorrido até 2017, quando o BNDES emprestava com base na TJLP, mas não depois da sua substituição pela TLP, uma taxa de juros de mercado que responde à política monetária. Sob um ponto de vista empírico, não há evidências macroeconômi[1]cas confiáveis que amparem a ideia de que o BNDES produza efeitos altistas relevantes sobre o juro neutro, tampouco que reduza a potência da política monetária em qualquer período, mesmo antes da TLP. Para chegar nessa conclusão, este trabalho: (i) revisa a literatura empírica sobre o assunto; (ii) reproduz e expande dois artigos regularmente citados nesse debate; e (iii) desenvolve um modelo de equilíbrio geral dinâmico e es[1]tocástico (DSGE) que contempla a existência de um banco de desenvolvimento com algumas das principais características de atuação do BNDES sob a vigência da TJLP. Pode-se dizer, portanto, que os alegados efeitos colaterais do crédito do BNDES sobre a política monetária são superdimensionados no debate público, repousam em bases frágeis e são utilizados de forma potencialmente danosa para a política pública no país.

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