Inteligência artificial nos países do BRICS: soberania, estágios de desenvolvimento e diferentes perspectivas por Sergio Queiroz, Denise Direito publicado por Ipea (6/2025).
Este estudo analisa os documentos de referência sobre inteligência artificial (IA) publicados por dez países-membros do BRICS, com o objetivo de identificar suas prioridades para o desenvolvimento dessa tecnologia. A metodologia baseou-se em análise documental, utilizando software de análise de conteúdo, orientada pelos conceitos de soberania tecnológica e digital e por quatro eixos estruturantes que guiaram a avaliação de cada país: i) infraestrutura computacional; ii) dados; iii) mão de obra especializada; e iv) pesquisa e desenvolvimento (P&D). Os resultados revelam um cenário heterogêneo, com diferentes ambições e estágios de maturidade. China e Rússia destacam-se pela busca da liderança global em IA, com investimentos maciços em soberania tecnológica integral, desde hardware até algoritmos. Países como Irã, por sua vez, focalizam a dominância regional. Outros membros apresentam estratégias menos voltadas para a inovação autônoma, concentrando-se na adoção de soluções de IA para melhorar serviços públicos (saúde, segurança, educação). A escassez de mão de obra especializada e as fragilidades nos sistemas de P&D são desafios para todos os países. No campo da cooperação internacional, iniciativas como infraestruturas compartilhadas (hubs regionais de computação), além de legislação para compartilhamento de dados e frameworks de interoperabilidade, são questões cruciais para os membros do BRICS.