Taxa de poupança das famílias: uma análise para Brasil e regiões publicado por Estudo Especial do Banco Central (5/2021).
A poupança doméstica, um fator relevante para o crescimento econômico sustentado, é estudada na maioria das vezes a partir dos dados agregados das Contas Nacionais. Nesse contexto, este trabalho avalia o comportamento da poupança das famílias, importante componente da poupança doméstica, através de informações coletadas dos próprios indivíduos, permitindo uma análise mais detalhada em algumas dimensões. Mais especificamente, este estudo investiga a evolução da poupança familiar entre 2009 e 2018 no Brasil e em suas regiões com base nos microdados das Pesquisas de Orçamentos Familiares (POF do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE), considerando aspectos como composição, distribuição, renda familiar per capita e estabilidade de renda. O presente estudo considera como poupança familiar a soma do investimento líquido (aplicações menos resgates) dos membros da família em ativos estritamente financeiros – tais como caderneta de poupança, fundos de investimento, ações, previdência privada, títulos públicos, ouro, moedas estrangeiras e títulos de capitalização – e em bens imóveis (aquisições de imóveis e terrenos à vista ou a prazo, descontadas as vendas).1 A taxa de poupança familiar é o quociente entre a poupança familiar e a renda disponível familiar.2 A taxa de poupança familiar do país, segundo essa definição, alcançou 1,8% em 2018, diminuindo 0,4 p.p. em relação ao valor estimado para 2009 (Tabela 1), ressaltando-se que 60% dessa taxa é formada por imóveis3 . No âmbito regional, a taxa recuou em todas as regiões, com exceção do Centro-Oeste. Além disso, as menores taxas em 2018 são encontradas no Norte e no Nordeste. Nessas duas regiões, a participação dos imóveis na taxa de poupança excedeu 70% em 2018, evidenciando baixo nível de poupança financeira das famílias.