Resiliência e Reconstrução por José Roberto Afonso em Revista CNT Transporte Atual (7/2020).
Esta é uma crise com ameaças fatais para pessoas e empresas. Elas precisam, antes de tudo, sobreviver. Equacioná- -la é tarefa precípua de governo. Somente ele dispõe de poderes e competências, até excepcionais, para mapear os problemas e adotar medidas de enfrentamento.
O Brasil deveria tirar proveito das oportunidades criadas pela atuação rápida e intensa em resposta à pandemia de atores-chave políticos: Congresso Nacional e governos estaduais e municipais. O primeiro aprovou a calamidade antes da primeira morte, tem aprovado dezenas de medidas provisórias, propôs e aprovou a emenda constitucional do dito orçamento de guerra e pautou o socorro emergencial para brasileiros sem renda e governos locais. Esses, por sua vez, não hesitaram em responder com aumento necessário de gastos públicos com saúde, decidiram sobre circulação e distanciamento em seus territórios e se uniram, politicamente, de uma forma sem precedentes na história recente do país.
Para empresas, a ênfase do governo foi oferecer linhas de empréstimo favorecidas, resposta típica em situações de crise de oferta, como se houvesse demanda por bens e serviços, mas faltassem recursos para sua produção e disponibilização. Fracassou boa parte dessa tentativa. Ainda que o crédito tivesse chegado, é inegável que se atravessa uma grave crise de demanda. Por isso, é preciso comandar e/ou induzir a injeção de demanda, como tem sido defendido por organismos multilaterais e adotado por todo o mundo.
As políticas públicas, da econômica à social, precisam ser revisitadas. Não se voltará aos padrões anteriores de consumo e produção. O novo normal passa também por construir um novo sistema de proteção para microempreendedores e trabalhadores independentes e que contribua para empresários reposicionarem seus negócios diante de novas tendências.
Nesse cenário, o sistema de assistência e de ensino profissionalizante, mantido por entidades empresariais (o chamado Sistema S), é uma arma poderosa para se enfrentar a guerra para o novo mundo do trabalho e dos negócios.
Há enorme disposição parlamentar para apoiar mudanças estruturais. Governos locais e entidades empresariais também adotam postura colaborativa. O governo federal tem tudo para aproveitar o momento e adotar uma agenda que combine resiliência com reconstrução.”
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