Renovando com Crescimento publicado por Banco Mundial (3/2021).
Com base em dados oficiais, o número de mortos por Covid-19 na América Latina e no Caribe foi maior do que em todas as outras regiões em desenvolvimento e semelhante àquele registrado por economias avançadas. No entanto, as mortes por Covid-19 oficialmente notificadas não são exatamente comparáveis porque os países possuem diferentes capacidades institucionais e políticas de saúde, incluindo testagem. O excedente de mortalidade — a lacuna relativa entre todas as mortes durante a pandemia e aquelas observadas em tempos normais — é um indicador mais confiável. Por essa métrica, o número de mortes ocorridas na região é substancialmente mais alto do que sugerem os números oficiais e quase certamente o mais alto do mundo. No entanto, também existem diferenças importantes entre os países, e na América Latina e no Caribe estão os menos e os mais impactados.
A região também foi uma das mais gravemente afetadas em termos econômicos e sociais. A queda estimada do Produto Interno Bruto (PIB) excede tanto o de economias avançadas quanto o de todas as outras áreas em desenvolvimento. Com apenas algumas exceções, os resultados nesta frente têm sido consistentemente negativos. Alguns países da Bacia do Caribe estão entre os que enfrentaram a maior queda na atividade econômica, devido à sua forte dependência do turismo, o setor mais diretamente impactado pelo distanciamento social. As taxas de desemprego aumentaram, em alguns casos substancialmente. Os níveis de pobreza também dispararam, embora as medidas de transferência social de renda – em larga escala em alguns países – tenham ajudado a aliviar o impacto social da crise.
Por outro lado, há desdobramentos internacionais encorajadores. Em primeiro lugar, embora o comércio global de serviços tenha caído drasticamente, o comércio de bens se manteve relativamente favorável. E, dada a rápida recuperação do Leste da Ásia — e da China em particular — os preços da maioria das commodities estão mais altos do que antes da crise da Covid-19. Para os países especializados na produção de produtos agrícolas e de mineração, como muitos na América Latina e no Caribe, esta é uma boa notícia. Em segundo lugar, as remessas para a região também aumentaram em relação ao período anterior à Covid-19, o que é animador, dada a sua enorme importância para o padrão de vida de vários países da Bacia do Caribe e da América Central.
Um terceiro desdobramento positivo foi o acesso contínuo da maioria dos países da região aos mercados de capitais internacionais. De fato, os empréstimos no exterior aumentaram durante a pandemia, contribuindo para políticas econômicas de apoio, apesar do espaço fiscal limitado. A maioria dos países da região registrou déficits orçamentários importantes desde o início da pandemia, com gastos adicionais sendo dedicados ao fortalecimento dos sistemas de saúde, transferência de renda para as famílias e ajuda às empresas para lidar com a situação. A postura da política monetária também tem sido de acomodação. A tolerância dos órgãos reguladores e garantias de empréstimos têm sido adotadas para auxiliar os devedores e reduzir o risco de crises financeiras. Essa postura política de apoio mitigou o impacto econômico e social da crise da Covid-19.