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Reconversão industrial em resposta à pandemia da Covid-19 (IEDI)

Reconversão industrial em resposta à pandemia da Covid-19 publicado por IEDI (5/2020).

 

A indústria é um dos mais importantes motores do crescimento econômico, pelas inúmeras relações que estabelece com outros setores e entre seus próprios departamentos, e destacada fonte de novos produtos, novas tecnologias e novas formas de produzir, de maneira a alavancar a produtividade total da economia. É isso que indica boa parte das pesquisas que se debruçam sobre a economia real, isto é, sobre as atividades produtivas.

Por todos estes fatores, as grandes potências econômicas do mundo nunca abriram mão de estimular o desenvolvimento de suas competências industriais, por meio de um conjunto de ações e políticas que, inclusive, ganharam força nos últimos anos. Países desenvolvidos, como EUA, Alemanha e Japão, e os principais emergentes, como a China e a Índia, traçaram estratégias para fortalecer o setor industrial e tornar a indústria 4.0 uma realidade, como o IEDI enfatizou em vários de seus estudos.

No contexto atual de pandemia do coronavírus, a indústria, no mundo todo, vem dando mais uma mostra de sua importância estratégica para os países. Frente à interrupção de elos das cadeias globais de valor e, sobretudo, à dificuldade de obtenção de equipamentos e materiais médico-hospitalares, fundamentais para o tratamento dos sintomas da covid-19, a reconversão de linhas industriais de produção tem ajudado muitos países a atender o forte aumento de demanda de muitos produtos anteriormente importados.

A Carta IEDI de hoje mostra que, para não ficarem dependendo apenas da disputa de um lugar na fila de espera para a compra de suprimentos de saúde produzidos pela China, países como Alemanha, França, EUA, Japão, China e Reino Unido, somente para citar alguns exemplos, estão reunindo empresas e atores de seus sistemas de inovação para reconverter linhas de produção e fabricarem respiradores, ventiladores e equipamentos de proteção individual (EPI) para seus agentes de saúde.

Algumas das medidas que estão sendo adotadas:

  • Remoção de restrições regulatórias;
  • Favorecimento da formação de consórcios voluntários;
  • Estímulos a soluções inovadoras, como oo “Desafio do Ventilador” no Reino Unido;
  • Nos EUA, por meio da Lei de Produção de Defesa, o governo impôs a reconversão compulsória a algumas empresas;
  • Na China e no Japão, há apoio financeiro e fiscal para a reconversão.

No Brasil, empresas de diferentes setores, como máquinas e equipamentos, automóveis e autopeças, têxteis, química, higiene e limpeza, entre outros, também estão agindo nesta mesma direção. O movimento poderia ser mais robusto se políticas públicas ajudassem na coordenação, assegurando financiamento para cobrir os custos da reconversão, utilizando o pode de compra estatal e impulsionando o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficazes.

Não se trata de voltar ao passado e tentar tudo produzir internamente, mas de aproveitar uma oportunidade para ocupar capacidade ociosa das empresas, em um momento em que seus mercados tradicionais praticamente desapareceram ou se reduziram muito, e ao mesmo tempo responder às necessidades da sociedade.

A reconversão de linhas de produção certamente não evitará perdas intensas da indústria em 2020 no Brasil ou em qualquer outro país, mas pode trazer aprendizados importantes para as empresas e respostas inovadoras, cujos efeitos não se exaurem no curto prazo nem com o fim da pandemia do coronavírus. Aspectos positivos duradouros podem emergir deste movimento.

Três exemplos. No Japão, a empresa de cosmético de luxo a Shiseido, não apenas passou a produzir como desenvolveu uma fórmula para peles sensíveis. No Brasil, a Klabin em parceria com o Instituto Senai desenvolveu um espessante a base de madeira em substituição à matéria-prima derivada de petróleo utilizada para transformar o álcool líquido em gel. Na Alemanha, a Bosch em parceria com o laboratório britânico Randox, desenvolveu um teste ultrarrápido para covid-19, confiável em 95%, cujo resultado fica pronto em duas horas e meia.

Entretanto, como ressaltam os pesquisadores da Unido, na indústria manufatureira moderna, os processos de produção são altamente especializados na buscar por maximização da eficiência. Abordagens como a fabricação enxuta, que ajudam os fabricantes a eliminar o desperdício em toda a cadeia de suprimentos e a melhorar continuamente a produtividade, dificultam muito a criação de uma nova linha de produtos.

A rápida expansão da produção impõe, assim, não apenas um desafio tecnológico, mas também organizacional – do design e fabricação do produto à governança da cadeia de suprimentos, à regulamentação e aos testes.

Além disso, as empresas ainda enfrentam riscos de superprodução ou desperdício, se aparecerem muitos novos participantes. Por meio de políticas de compras públicas em massa e coordenadas, segundo a Unido, os governos podem fornecer visibilidade de pedidos e garantia de que itens produzidos em excesso farão parte dos estoques nacionais.

publicado por IEDI (5/2020).

 

A indústria é um dos mais importantes motores do crescimento econômico, pelas inúmeras relações que estabelece com outros setores e entre seus próprios departamentos, e destacada fonte de novos produtos, novas tecnologias e novas formas de produzir, de maneira a alavancar a produtividade total da economia. É isso que indica boa parte das pesquisas que se debruçam sobre a economia real, isto é, sobre as atividades produtivas.

Por todos estes fatores, as grandes potências econômicas do mundo nunca abriram mão de estimular o desenvolvimento de suas competências industriais, por meio de um conjunto de ações e políticas que, inclusive, ganharam força nos últimos anos. Países desenvolvidos, como EUA, Alemanha e Japão, e os principais emergentes, como a China e a Índia, traçaram estratégias para fortalecer o setor industrial e tornar a indústria 4.0 uma realidade, como o IEDI enfatizou em vários de seus estudos.

No contexto atual de pandemia do coronavírus, a indústria, no mundo todo, vem dando mais uma mostra de sua importância estratégica para os países. Frente à interrupção de elos das cadeias globais de valor e, sobretudo, à dificuldade de obtenção de equipamentos e materiais médico-hospitalares, fundamentais para o tratamento dos sintomas da covid-19, a reconversão de linhas industriais de produção tem ajudado muitos países a atender o forte aumento de demanda de muitos produtos anteriormente importados.

A Carta IEDI de hoje mostra que, para não ficarem dependendo apenas da disputa de um lugar na fila de espera para a compra de suprimentos de saúde produzidos pela China, países como Alemanha, França, EUA, Japão, China e Reino Unido, somente para citar alguns exemplos, estão reunindo empresas e atores de seus sistemas de inovação para reconverter linhas de produção e fabricarem respiradores, ventiladores e equipamentos de proteção individual (EPI) para seus agentes de saúde.

Algumas das medidas que estão sendo adotadas:

  • Remoção de restrições regulatórias;
  • Favorecimento da formação de consórcios voluntários;
  • Estímulos a soluções inovadoras, como oo “Desafio do Ventilador” no Reino Unido;
  • Nos EUA, por meio da Lei de Produção de Defesa, o governo impôs a reconversão compulsória a algumas empresas;
  • Na China e no Japão, há apoio financeiro e fiscal para a reconversão.

No Brasil, empresas de diferentes setores, como máquinas e equipamentos, automóveis e autopeças, têxteis, química, higiene e limpeza, entre outros, também estão agindo nesta mesma direção. O movimento poderia ser mais robusto se políticas públicas ajudassem na coordenação, assegurando financiamento para cobrir os custos da reconversão, utilizando o pode de compra estatal e impulsionando o desenvolvimento de soluções inovadoras e eficazes.

Não se trata de voltar ao passado e tentar tudo produzir internamente, mas de aproveitar uma oportunidade para ocupar capacidade ociosa das empresas, em um momento em que seus mercados tradicionais praticamente desapareceram ou se reduziram muito, e ao mesmo tempo responder às necessidades da sociedade.

A reconversão de linhas de produção certamente não evitará perdas intensas da indústria em 2020 no Brasil ou em qualquer outro país, mas pode trazer aprendizados importantes para as empresas e respostas inovadoras, cujos efeitos não se exaurem no curto prazo nem com o fim da pandemia do coronavírus. Aspectos positivos duradouros podem emergir deste movimento.

Três exemplos. No Japão, a empresa de cosmético de luxo a Shiseido, não apenas passou a produzir como desenvolveu uma fórmula para peles sensíveis. No Brasil, a Klabin em parceria com o Instituto Senai desenvolveu um espessante a base de madeira em substituição à matéria-prima derivada de petróleo utilizada para transformar o álcool líquido em gel. Na Alemanha, a Bosch em parceria com o laboratório britânico Randox, desenvolveu um teste ultrarrápido para covid-19, confiável em 95%, cujo resultado fica pronto em duas horas e meia.

Entretanto, como ressaltam os pesquisadores da Unido, na indústria manufatureira moderna, os processos de produção são altamente especializados na buscar por maximização da eficiência. Abordagens como a fabricação enxuta, que ajudam os fabricantes a eliminar o desperdício em toda a cadeia de suprimentos e a melhorar continuamente a produtividade, dificultam muito a criação de uma nova linha de produtos.

A rápida expansão da produção impõe, assim, não apenas um desafio tecnológico, mas também organizacional – do design e fabricação do produto à governança da cadeia de suprimentos, à regulamentação e aos testes.

Além disso, as empresas ainda enfrentam riscos de superprodução ou desperdício, se aparecerem muitos novos participantes. Por meio de políticas de compras públicas em massa e coordenadas, segundo a Unido, os governos podem fornecer visibilidade de pedidos e garantia de que itens produzidos em excesso farão parte dos estoques nacionais.

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