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Passividade monetária e inércia (Pastore)

Passividade monetária e inércia por Affonso Celso Pastore publicado por Revista Brasileira de Economia (1997)

Há dois tipos de inércia inflacionária. O primeiro ocorre quando “choques”, como uma desvalorização cambial, uma má safra agrícola, ou a elevação dos preços do petróleo, produzem efeitos inflacionários que se dissipam lentamente. O segundo ocorre quando esses mesmos “choques” acarretam efeitos inflacionários que não se dissipam, incorporando-se permanentemente às taxas de inflação. A inércia do primeiro tipo é a auto-regressividade positiva, e a do segundo é a presença de uma raiz unitária nas taxas de inflação. A auto-regressividade positiva é encontrada nas taxas de inflação de todos os países, inclusive dos que apresentam taxas de inflação baixas e estáveis, sendo produzida por mecanismos geradores de rigidez de preços, como a indexação salarial, os contratos salariais justapostos, ou salários nominais corrigidos por expectativas adaptativas. A presença de uma raiz unitária, contu-: do, requer que, além da rigidez de preços, ocorra a passividade monetária. Este artigo mostra que a riJ gidez de preços é apenas uma das condições necessárias para a presença de uma raiz unitária. A outra condição é a acomodação passiva da oferta monetária. Testes empíricos são aplicados ao Brasil, mostrando que: não se pode rejeitar a presença de uma raiz unitária nas taxas de inflação; a oferta de moeda foi predominantemente passiva; quando se generalizou a indexação quase que instantânea de preços e salários, no período que precedeu a reforma monetária de junho de 1994, e o Banco Central abandonou qualquer tentativa de controle monetário, elevou-se o grau de persistência dos choques nas taxas de inflação.

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