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O fim do “laissez-faire” (Vieira)

O fim do “laissez-faire”: Uma releitura do artigo de Keynes pela perspectiva político-econômica sobre a Economia Liberal por Anderson Nunes de Carvalho Vieira publicado por Revista de Economia Política e História Econômica (7/2020)

“Keynes foi um economista crítico e audaz. Seus ensinamentos e suas ideias formularam as bases da macroeconomia moderna. Sua importância para a evolução do pensamento econômico é evidente. Desta forma, este trabalho ousadamente se propõe a responder a seguinte problemática: Qual a visão política e econômica de Keynes sobre o liberalismo econômico de sua época com base na leitura de seu artigo publicado em 1926 intitulado “O fim do laissez-faire”? Para responder esta indagação foi proposto como objetivo geral descrever a opinião política e econômica de Keynes sobre o liberalismo econômico de sua época com base no que ele discorre no artigo supracitado. A relevância deste artigo está ancorada na importância que Keynes tem para a evolução do pensamento econômico. O que se pode dizer de resultados é que Keynes foi um economista muito diferente. Seria ele um liberal não compreendido ou um grande revolucionário nas Ciências Econômicas?

É praticamente um consenso entre os economistas keynesianos que John Maynard Keynes foi um pensador subversivo dentro da evolução do pensamento econômico. A forma de pensar a economia de sua época lhe rendeu, pelos economistas contemporâneos, a alcunha de “pai da macroeconomia moderna”. Após a publicação de sua principal obra, “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” em 1936, Keynes conquistou definitivamente o status de maior economista do século XX.

Keynes era britânico e nasceu em 1883 na cidade em Cambridge falecendo em 1946 aos 62 anos de idade na cidade de East Sussex na Inglaterra. Durante sua vida, Keynes foi diretor do Banco da Inglaterra e paralelamente trabalhou como docente na Universidade de Cambridge, sendo também um ávido investidor na bolsa de valores, autor e diretor de teatro, agricultor e conselheiro de diversos políticos proeminentes de sua época. Keynes também foi jornalista (escreveu diversos artigos, sendo a maioria de cunho econômico), colecionador de arte moderna e um dos grandes expoentes do grupo intelectual Bloomsbury3 . Keynes foi casado por 20 anos com a bailarina russa Lydia Lopokova e não deixou filhos, (GADD, 1974).

No âmbito político Keynes teve uma importância proeminente. Sua obra intitulada “As consequências econômicas da paz” publicada em 1919 pode ser considerada uma das maiores crítica ao Tratado de Versalhes assinado na Conferência de Paz de Paris no mesmo ano. Keynes discorre nesta obra que o tratado era uma punição muito severa para as nações que saíram derrotadas da Primeira Guerra Mundial, e que se levado a cabo poderia comprometer o futuro econômico destas nações, (KEYNES, 2002).

No entanto, é em âmbito econômico que Keynes possui maior relevância social. Sua contribuição pode ser dividida tanto na área teórica quanto empírica da Economia. No âmbito teórico Keynes inaugura o pensamento macroeconômico com a sua teoria rebuscada da demanda efetiva e demanda agregada, com seus estudos sobre as expectativas como elemento determinante do produto e emprego, com sua nova forma de olhar a participação da poupança e dos investimentos na economia e com sua formulação de multiplicador, mais tarde chamado de multiplicador keynesiano, da propensão marginal a consumir e da eficiência marginal do capital.

Em âmbito prático é possível identificar a teoria keynesiana sendo empregada nas políticas econômicas que nortearam o Plano New Deal nos Estados Unidos. Mesmo sendo implementado antes da publicação da “Teoria Geral” de Keynes, o New Deal foi uma política econômica de intervencionismo estatal que tinha por objetivo manter os níveis salariais adequados para garantir a demanda efetiva, dando origem ao chamado welfare state (estado de bem-estar social). De acordo com Chiavenato (2014), Ford, assim como Keynes, também havia predito que o sistema capitalista, com base no modelo taylorista4 de produção, provocaria uma enorme crise de superprodução caso as potências econômicas vigentes não encontrassem uma solução para a distribuição de renda com o intuito de estimular o consumo e contrabalancear a economia pelo lado da demanda.

É notório que Keynes foi um grande crítico do liberalismo econômico. Seu artigo publicado em 1926 intitulado “O fim do laissez-faire” não deixa dúvidas sobre seu posicionamento quanto a este tipo de visão da economia. No entanto, no mesmo artigo é possível identificar que Keynes também era um grande detrator do marxismo. Para ele tanto liberalismo quanto marxismo eram teorias deficientes que não retratavam de forma correta a realidade econômica de sua época, (KEYNES, 1926).

Assim, este estudo se propõe a responder a seguinte pergunta: Qual a visão política e econômica de Keynes sobre o liberalismo econômico de sua época com base na leitura de seu artigo publicado em 1926 intitulado “O fim do laissez-faire”? Para responder esta indagação foi proposto como objetivo geral descrever a opinião política e econômica de Keynes sobre o liberalismo econômico de sua época com base no que ele discorre no artigo supracitado. Como objetivos específicos foi delimitado: compreender em que Keynes concordava e em que ele discordava política e economicamente do pensamento liberal econômico de sua época e propor qual deveria ser o posicionamento dos keynesianos no que tange ao liberalismo econômico com base na leitura do artigo “O fim do laissez-faire”.

A relevância deste artigo está ancorada na importância que Keynes tem para a evolução do pensamento econômico. Com o advento da crise econômica de 2008 as teorias keynesianas e liberais voltaram ao cenário do debate econômico contemporâneo.

E nada mais salutar do que conhecer um pouco do pensamento e posicionamento políticoeconômico de Keynes – um dos maiores economistas que já existiu – no que concerne ao liberalismo econômico. É um trabalho que pode contribuir de forma singela para o debate sobre economia política e o prediletismo ideológico que permeia as mais diversas escolas de pensamento keynesianas existentes…”

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