O debate sobre as metas de inflação no Brasil por Bráulio Borges, Ricardo Barboza publicado por Blog do IBRE/FGV (2/2023).
“Definição de metas de inflação no Brasil nunca levou em conta estudos mais técnicos, envolvendo chamada “inflação ótima”, mensuração da inflação e avaliação crítica do desempenho de outros emergentes com metas semelhantes.
Em artigo publicado recentemente no Valor, depois republicado no blog do IBRE, defendemos que o CMN deveria revisar para cima a meta de inflação brasileira, dos atuais 3% a.a. já definidos para 2024/25 para perto de 4% a.a., a partir de 2024. Ou seja: defendemos que seja reconsiderada boa parte da redução das metas colocada em prática entre 2017 e 2021, que levou o alvo inflacionário de 4,5% (vigente entre 2005 e 2018) para 3,0% (em 2024/25).
Alguns colegas reagiram negativamente à nossa proposta, apontando que uma eventual revisão para cima da meta de inflação seria contraproducente: teríamos como resultado mais inflação, o que poderia gerar taxas reais de juros maiores e menor crescimento do PIB em resposta a essa mudança (ver aqui).
Nesse contexto, o objetivo deste texto é o de aprofundar um pouco mais o debate técnico sobre a meta de inflação brasileira. Esse debate, a rigor, pode ser organizado sob dois recortes. Primeiro, em uma perspectiva mais conjuntural, de curto prazo, associada aos efeitos macroeconômicos de uma eventual transição de uma meta mais baixa para uma meta um pouco mais alta. Segundo, em uma perspectiva mais estrutural, de longo prazo, associada à discussão sobre o nível ótimo de inflação (nível esse que depende das especificidades de cada país, tais como o grau de flexibilidade no mercado de trabalho, o nível de fragilidade fiscal, dentre outros fatores)…”