Mercado de capitais e crédito corporativo de longo prazo: Oportunidades e perspectivas por Ernani Teixeira Torres Filho, Luiz Macahyba publicado por FIESP (4/2023).
“A disponibilidade de recursos privados de longo prazo constitui um determinante importante do desenvolvimento econômico de um país. Entretanto, até meados dos anos 1990, os mecanismos de intermediação desses recursos através dos mercados de capitais eram praticamente inexistentes nos países em desenvolvimento. Esse cenário começou a mudar a partir da Crise da Ásia de 1998. A experiência acumulada nesse episódio levou os organismos multilaterais a identificar que a presença de mercados financeiros de longo prazo em moeda local tinha uma função adicional. Era também um mecanismo que aumentava a capacidade de um país absorver choques externos e, assim, garantir um ambiente econômico mais estável. Para atingir esse objetivo, elaboraram um roteiro de reformas financeiras a ser seguido pelas nações emergentes.
O Brasil foi um dos países que adotou esse receituário com persistência. Esse processo de reformas foi em grande medida implementados antes da Crise Financeira de 2008. Entretanto, frente a outras economias latino-americanas que seguiram os mesmos passos, os resultados tardaram um pouco mais a se manifestar por aqui. O mercado de capitais nacional, por exemplo, só conseguiu alcançar níveis relevantes de escala e profundidade a partir de 2017. Até então, seu desenvolvimento ficou em grande medida tolhido pela manutenção das taxas de juros em níveis muito elevados…”