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Distribuição de Renda nos Anos 2010 (Barbosa et al.)

Distribuição de Renda nos Anos 2010: Uma Década Perdida para Desigualdade e Pobreza por Rogério J. Barbosa, Pedro H. G. Ferreira de Souza e Sergei S. D. Soares publicado por Ipea (11/2020)     

Usamos, neste trabalho, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do período 2012 a 2018 para documentar como a recessão econômica de meados da década reverteu o processo de melhoria da distribuição de renda que vinha se desenrolando desde a virada do século. Desde então, a desigualdade e pobreza aumentaram, e o bem-estar agregado caiu. A renda média aumentou de 2017 a 2018, mas ainda se encontrava abaixo do nível de 2014. Mais de 80% do crescimento observado entre 2015 e 2018 ficou nas mãos dos mais ricos. De modo geral, os retrocessos trouxeram os indicadores de volta para níveis iguais ou piores aos observados no começo da década. Investigamos, por meio de análises de decomposição, as razões por trás dessa trajetória. O mercado de trabalho, que fora o motor do círculo virtuoso anterior, transformou-se no grande vilão com a crise, respondendo por 30% da piora do Gini entre 2015 e 2018. As transferências governamentais contribuíram fortemente, por ação ou inação, para a prevalência dos resultados negativos. A assistência social e o seguro-desemprego não tiveram qualquer papel substantivo para amenizar os resultados distributivos negativos do período. Já a Previdência Social contribuiu para o aumento da desigualdade, mediante um aumento nas aposentadorias daqueles no topo da distribuição. Por fim, mostramos, neste estudo, que, nos últimos anos, o comportamento das taxas de pobreza foi muito mais sensível a variações na desigualdade do que na renda média. Se não houvesse piora na desigualdade, o Brasil teria continuado avançando no combate à pobreza tanto entre 2015 e 2018 quanto no período mais longo, entre 2012 e 2018.

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