Desemprego high-tech por Leonardo Monasterio e William Adamczyk publicado por Folha de S. Paulo (2/2022).
“O que os economistas pensam sobre a mecanização no mercado de trabalho (ou ‘Como aprendemos a deixar de amar os robôs e passamos a nos preocupar’)
“Vai trabalhar, vagabundo!” foi, em uma tradução livre, a maldição que o Deus cristão jogou sobre nós quando fomos chutados do Paraíso. Por milênios, ganhar o pão com o suor do rosto foi mais uma punição do que uma promessa. Já a partir da Revolução Industrial, tudo mudou e a falta de emprego passou a ser uma ameaça para os trabalhadores. O medo do desemprego se revelava na oposição a tecnologias específicas: tecelões temiam a máquina de fiar; os acendedores de lampião, a luz elétrica; os charreteiros, os automóveis.
Economistas amam a tecnologia. Afinal, ela tornou o mundo mais rico do que poderiam sonhar nossos antepassados. A inovação permanente tornou o trabalho mais produtivo, permitiu a persistência do crescimento econômico e, mesmo que de forma desigual, melhorou a situação dos trabalhadores. Apesar disso, até nos países mais ricos, eles seguem preocupados com o impacto da tecnologia nos seus empregos. Hoje estão disponíveis na Amazon mais de duas dúzias de livros com a expressão “Future of Work” (futuro do trabalho) no título, e a maioria foi lançada na última década. Por que tanta preocupação?…”