Boletim Regional publicado por Banco Central do Brasil (2020).
“A economia mundial, incluindo a brasileira, passa por momento de elevado grau de incerteza em decorrência da pandemia de COVID-19, que está provocando desaceleração significativa da atividade econômica, queda nos preços das commodities e mudanças de comportamento dos diversos agentes da economia. Todas as regiões do país estão tendo impactos econômicos relevantes da pandemia, mas especificidades regionais tendem a diferenciar a intensidade e as caraterísticas desses efeitos em cada local.
Nesta edição do Boletim Regional, no entanto, os principais indicadores econômicos disponíveis, que vinham em linha com o processo de recuperação gradual da economia brasileira, ainda não foram sensibilizados em decorrência da periodicidade mensal ou da defasagem de divulgação das pesquisas – em sua maior parte fazem referência ainda ao mês de fevereiro. Entretanto, dados de frequência diária e mais tempestivos evidenciam efeitos significativos e generalizado nas regiões a partir de março.
A economia do Norte, que apresentara expansão de 2,5% em 2019, se manteve em expansão no trimestre encerrado em fevereiro, refletindo, principalmente, os bons resultados da indústria extrativa, em parte suprindo a redução do setor no Sudeste, e do setor de serviços não financeiros. Esses fatores foram mitigados pelos efeitos da retração da indústria de transformação e da acomodação das venda do comércio. Para os próximos meses, o impacto econômico da pandemia deverá ser relevante, com ênfase em serviços e bens não essenciais, como demonstram alguns indicadores mais tempestivos.
No Nordeste, a atividade econômica, nos dois primeiro meses do ano, foi beneficiada pela evolução favorável da indústria e do crédito, contribuindo para a continuidade do processo de recuperação gradual. Essa recuperação, no entanto, deve ser interrompida pelos impactos da pandemia, como demonstram a evolução de dados mais tempestivos. A expectativa de crescimento significativo da safra de grãos na região, segmento que deverá ter impacto bastante reduzido pela pandemia, e as ações governamentais de garantia de renda para os mais desfavorecidos são fatores que contribuem para minimizar os efeitos negativos da COVID-19.
A atividade econômica no Centro-Oeste manteve-se em expansão no trimestre encerrado em fevereiro, em parte, pelo comportamento da agricultura com o início da colheita de soja, que deve ser recorde neste ano. No entanto, a economia da região deverá repercutir os efeitos da pandemia de COVID-19, que já se fazem perceber em dados do comércio e do setor de serviços com maior frequência e tempestividade. Ressalta-se que, considerando a maior participação do agronegócio e da estrutura industrial no CentroOeste, deve-se esperar uma contração da atividade um pouco menos severa do que a média nacional.
A evolução recente dos principais indicadores econômicos do Sudeste evidenciava pequeno arrefecimento no final do ano passado e início deste ano, após crescer significativamente ao longo do segundo semestre de 2019, mas com resultados positivos dos mercados de trabalho e de crédito, e da confiança do consumidor. Entretanto, o cenário econômico, prospectivo, tende a ser impactado de forma expressiva pelos efeitos negativos da pandemia de COVID-19 sobre a atividade da região, como já evidenciam dados diários de transações efetuadas com pagamentos de débito no cartão. A região concentra a maior parte dos casos da doença, o que sugere impactos, no curtíssimo prazo, mais severos.
Na região Sul, dados econômicos das principais pesquisas indicaram acomodação da atividade no trimestre encerrado em fevereiro, com expansão da indústria e retração nos indicadores de demanda. No entanto, o ambiente de grande incerteza em decorrência da pandemia de COVID-19, deverá impactar negativamente, de forma significativa, a economia da região, como já sinalizam indicadores antecedentes de frequência diária e menor defasagem de divulgação. O cenário mostra-se desafiador pela redução da economia global, com impacto negativo sobre a demanda de produtos exportados e, internamente, pela combinação de choque de oferta – redução da produção e das condições de distribuição – e de demanda – redução da renda e mudanças no comportamento dos agentes.”
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