A economia brasileira na berlinda da crise da Covid-19: balanço e perspectivas para 2021 por Juliane Furno, Daniel Fogo, Lígia Toneto e Matias Rebello Cardomingo publicado por Centro de Estudos de Economia – IREE (2021).
“Esse documento tem a finalidade de traçar uma reflexão inicial, ainda na ausência da computação da totalidade dos dados anuais, que busca delinear um balanço e ensejar algumas perspectivas para a economia brasileira no ano que inaugura.
Uma questão precede a análise de curto prazo: a economia brasileira ainda não havia se recuperado da última grande crise econômica, que levou a recessão de 2015-2016 e a mais lenta recuperação da história brasileira. Mesmo com as revisões do PIB de 2018 e 2019, vivemos um período de semi-estagnação econômica, incapaz de nos lograr condições de recuperação do padrão de geração de riqueza interna que marcou o período pré-crise.
A crise econômica, e o conjunto de políticas destinada a dirimir seus efeitos e ensejar a retomada do crescimento, agravaram a contração da demanda agregada através da opção de reequilibrar as contas públicas apostando, sobretudo, da redução das despesas primárias. A forte opção pelas políticas de austeridade fiscal não só não foi capaz de retomar o caminho do crescimento e do equilíbrio fiscal, quanto agravou as desigualdades sociais – problema secular da sociedade brasileira – e deteriorou, ainda mais, o mercado de trabalho.
O novo mantra para a solução dos problemas econômicos brasileiro passou a ser a “aprovação das reformas”. Ainda que muito importantes, reformas não são capazes – por si mesmas – de modificações estruturais. Para que o conjunto das reformas na agenda do Congresso tenham condições de tornar o Brasil mais competitivo, moderno e para nos fazer reencontrar a rota do desenvolvimento, é necessária a retomada do crescimento econômico. Não há geração de emprego em um ambiente de baixo crescimento, mesmo com redução significativa do custo do trabalho, e não há redução do déficit do regime geral de previdência social sem crescimento do emprego formal. Ou seja, as reformas precisam ser pensadas dentro de uma agenda de crescimento econômico, que exige um plano nacional de desenvolvimento articulando com sinergia ações estatais e do setor privado…”